quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Anjo...

Quando eu era criança minha mãe dizia pra eu confiar no anjo da guarda... eu ainda era muito novo e nem sequer imaginava o que seria isso, depois de um tempo, mas, ainda na infância já entendia que anjos eram seres que pareciam com humanos, que tinham asas de pássaro e estavam perto do criador...

A adolescência chegou e parece q os anjos se afastaram... só faziam parte de uma fantasia já esquecida, mas, em alguns momentos fui lembrado da existência deles, através de um olhar ou palavra amiga. Nessa fase, os anjos não possuíam mais as asas mais um bom papo, uma cerveja gelada e algo a mais...

A ausência de anjos, ou melhor, a exporacidade com que eles entravam na minha vida fizeram com que eu os reavaliassem. Cheguei a uma conclusão inicial de que anjos, são seres assim como os humanos, eles vivem todos os sentimentos que nós e podem decidir o caminho a seguir, com o tal chamado livre arbítrio, assim como nós... a real diferença são as asas, essas podem lhe dar toda a força necessária para voar alto e enxergar o caminho a frente, bem como, a força pra segurar em seus braços nós humanos e nos ajudar a atravessar fases horríveis no que chamamos de vida, mas também, as asas podem ser cruéis, não conosco pobres mortais, mas, com eles próprios, elas podem fazer essas celestiais criaturas voar tão alto e tão livres que acabam não olhando para baixo desse pedestal de liberdade... obrigando-as a sempre se sentirem acima das pessoas; criando uma bruta calcificação nas articulações até perderem toda a mobilidade das asas e não podendo batê-las, caem...

A pouco tempo tive a oportunidade de cruzar com um anjo... com asas e tudo. Ele tinha os pés no chão e uma fé carnal, suas asas estavam firmes e ele já não podia voar... com os pés no chão e os olhos em todos os prazeres que a vida terrena poderia lhe oferecer, ele fez seu olhar cruzar algo que a mim pertencia.

O sabor da Ira entorpeceu minha consciência e só podia pensar em tira-lo do meu caminho... fui fraco... dediquei energia de mais pensando em como fazer isso, dediquei tempo de mais pensando nele e o que era Ira, tornou-se uma imensa vontade de desce-lo do pedestal, gentilmente quebrar-lhe a mascara, olha-lo nos olhos e feri-lo amorosamente com seus defeitos e tudo que me fazia repulsar-lhe.

Decidi tê-lo como um animal de estimação, como um pássaro em uma gaiola... terá de dar para receber... se assim o fizesse, teria a recompensa do “paraíso” e assim o tive em meus braços a primeira noite, despi-o pena a pena, descobri seu sabor e odor, beijei-o a face enquanto dormia com o zelo de um criança e seu primeiro pet, mas ao amanhecer, depois de tantas verdades, olhares, confidencias, e momentos quase celestiais, suas plumas já estavam leves, asas articuladas, não conseguia ver-me dentro dos olhos desse anjo. Deveria deixá-lo partir... com a esperança de vê-lo bater as asas novamente ao meu lado... só então entendi... a Ira já não estava mais em mim, aquele anjo não era mais um ser odiado, mas sim um pequeno menino de asas na qual sentia um afeto desconhecido, uma imensa vontade de protegê-lo e arrancá-lo da transparente redoma de onipotência que “os outros” haviam o aprisionado...

Agasalhei-o e com os olhos o pedi que retorna-se. O tempo encarregou-se da tortura, colocando uma gota de distância em cada segundo que passava, precisava saber se toda a mudança de conceito sobre o ser também o habitava, ou se ainda era visto como mais um mortal em sua lista de aventuras mundanas...

Ele voltou e pudemos desfrutar melhor um do outro não só uma, mas duas vezes, na última meu medo de perde-lo foi ainda maior, alimentei-o com as melhores frutas e ervas do paraíso, aqueci-lhe e o algemei ao meu lado, foi quando ele gentilmente escapou e tive medo de perde-lo novamente...

“quais são as cores e as coisas pra te prender?”, tu não se prende, não é?! Tudo bem... menino de assas não seria tão bonito preso, seria como um pássaro em uma gaiola, prefiro tê-lo quando pousa do meu lado... ainda não consigo me ver em seus olhos...


2 comentários:

  1. E aeee queridooo... ótimos textos... fico Feliz por divulgar tamanha sabedoria para nós... Parabéns!

    Seguirei-te com certeza!

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  2. Hadd...

    Sempre soube das suas façanhas
    enquanto eramos próximos,mas desta vez,
    fiquei encantada com o teu dom.
    O dom da palavra,que lindo!
    Continue assim!
    Que os anjos continuem abençoando sua vida,
    acarinhando-lhe a alma e zelando pelo seu destino para que a vida nunca lhe pareça amarga perante as vivências mundanas.

    Beijos...

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